“AMBIÇÃO VERSUS GANÂNCIA”
Há diferenças substanciais entre os conceitos de um
e de outro. O ambicioso tem o anseio de conquistar ou de obter algo para a sua
realização pessoal. Está sempre a procura de mais amigos, de melhores condições
de trabalho, de bem-estar, de saúde, de qualidade de vida e também de dinheiro.
Porém, com uma visão voltada para a melhora da sociedade. É salutar que os
ambiciosos procurem crescer, com o intuito de levar os outros consigo. No entanto,
é importante prezar pelo respeito aos valores humanos, por meio da ética, da
moral e da honestidade e, assim, conquistar os seus objetivos pessoais, sem
prejudicar terceiros. Essa busca, por mais conquistas, quase sempre se traduz
em trabalhos bem elaborados e mais produtivos, colaborando com as empresas e
com o crescimento do país. Não é à toa que pessoas com esse perfil são
normalmente mais requisitadas no mercado de trabalho. Além disso, quando
conseguem aliar a ambição à coragem, o resultado costuma ser favorável. Ainda
mais, quando exercem a liderança, tornam as pessoas mais obstinadas, sensíveis
e humanas, diante das dificuldades que as rodeiam. Por outro lado, o ganancioso,
tomado pela ganância, coloca sempre a frente o seu desejo egoísta de acumular
poder e riqueza, seja qual for o meio que precise utilizar para tanto.
Normalmente, sem escrúpulos, não mede esforços (lícitos ou ilícitos), para
atingir seus objetivos. Com isso, acaba atropelando as etapas exigidas e se aproveitando
daqueles que estão no seu caminho. O ganancioso adota como lema de vida “os fins justificam os meios”. É fácil
observar que os ambientes mais promissores, seja na vida pessoal ou
profissional, invariavelmente, são formados por pessoas de caráter ambicioso,
mas que têm a preocupação em fomentar um crescimento saudável e sustentável. Ao
passo que, ambientes corporativos e/ou sociais integrados por indivíduos
gananciosos, quase sempre estão fadados às práticas danosas, como concorrência
desleal, fraudes, corrupção, etc. Particularmente no quesito “corrupção”,
trata-se de expediente amplamente utilizado pelo ganancioso no âmbito
empresarial, levando as empresas a pagarem um alto preço, haja vista a
deterioração de seu patrimônio e a perda de sua credibilidade. Por fim, a
ambição pode ser tratada como atributo, mas temos que ser vigilantes quanto aos
exageros, de modo que não se transforme em atos de ganância. Para tanto,
recomenda-se que aproveitemos o presente para dedicar a melhor parte de nossas
vidas, esquecendo de acumular patrimônio, por conta de uma ingênua expectativa
de viver o suficiente para aproveitá-lo pois, sem qualquer aviso prévio, o fio
das nossas vidas pode ser cortado.
Cláudio Sá Leitão – Conselheiro pelo IBGC e Sócio da Sá Leitão Auditores e Consultores.
PUBLICADO NO JORNAL DO COMMERCIO EM 01.06.2019